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domingo, 24 de março de 2024

Semana de Páscoa

 


            Estamos na semana de páscoa e como de costume, o blog entra no clima. Dessa vez trago trechos do "Evangelho de Maria Magdalena", texto originalmente escrito em língua copta, que veio à tona, em forma de fragmentos,  em 1896 no Cairo, capital do Egito. O evangelho, com fortes orientações gnósticas, nos traz uma visão mais aprofundada sobre o papel de Maria Magdalena entre os primeiros discípulos de Yeshua, confrontando certos conceitos machistas introduzidos posteriormente na própria doutrina cristã paulina.

     Não tenho a intenção nem tampouco conseguiria, esgotar na presente postagem toda a teologia que essa questão envolve. Apenas ofereço-lhes uma versão alternativa de palavras atribuídas ao Salvador, por algum motivo, não incluídas na Bíblia.

     Encerrando com uma confidência, não me agrada em nada essa história de ficar recordando o sangue e martírio do Cristo. O que traz a vida eterna são os Seus ensinamentos e não o sofrimento das Suas últimas horas.


                                         Shalon 🙏


                "Tudo o que nasceu tudo o que foi criado, todos os elementos da natureza estão estreitamente ligados e unidos entre si. Tudo o que é composto se decomporá; tudo retornará as suas raízes; a matéria retornará às origens da matéria. Que aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça."


                                "Velai para que ningúem vos engane, dizendo: Ei-lo aqui. Ei-lo lá. Porque é em vosso interior que está o Filho do Homem; Ide a ele: aqueles que o procuram o encontram." 

quinta-feira, 14 de março de 2024

Carolina de Jesus- Desigualdade social na ponta da caneta

 


Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, Minas Gerais. Se estivesse viva, completaria 110 anos nesta quarta-feira (14). A escritora é conhecida pelo seu livro “Quarto de Despejo: Diário de uma favelada” e deixou um legado importantíssimo de se reconhecer; confira.

Quem foi Carolina de Jesus?

Carolina Maria de Jesus foi uma escritora, notória por sua obra “Quarto de despejo: Diário de uma favelada”. Como o próprio subtítulo de seu livro antecipa, Carolina foi moradora de favela e trabalhava como catadora de papel. A vontade de ser escritora, no entanto, a movia em direção à escrita e ela passou a registrar seu cotidiano.

Muito do que se pesquisa sobre a autora parte do conhecimento extraído dos textos publicados. Porém, é importante lembrar que a lógica editorial, empregada para selecionar quais recortes entrariam ou não para a publicação, interfere e deixa lacunas sobre sua vida. Não há, por exemplo, anotações publicadas do dia 14 de março, seu próprio aniversário.

Resgates históricos tentam contornar essa ausência e, a partir deles, a complexidade da figura de Carolina tornou-se evidente, uma mulher consciente do poder de representação da escrita, além de elegante, orgulhosa e politizada.

Além de seu título mais famoso, a autora lançou em vida os títulos “Casa de Alvenaria” (1961)“Pedaços de Fome” (1963) e “Provérbios” (1963). Há ainda o autobiográfico “Diário de Bitita”, publicado em 1986, após a morte da autora, em 1977, de complicações da asma.

Importância histórica

Os debates acerca de vida e obra da autora ocorrem, mesmo após 110 anos de seu nascimento, por sua relevância no entendimento da desigualdade no Brasil. Carolina era consciente da existência de um separatismo entre brasileiros ricos, aqueles que viviam na “sala de estar”, as cidades, e os pobres, que estavam no “quarto de despejo”, a favela.

Testemunho ou literatura, seu texto consolida o papel não reconhecido da autora enquanto intérprete do Brasil. Seu reconhecimento só não é maior porque, como protestou a autora ao longo da vida, “É próprio dos ditadores não gostar da verdade e dos negros”.



Fonte: acidadeon.com

sexta-feira, 1 de março de 2024

Grades de aço

                                            


                   Sou um jovem

    que quer apresentar uma consequência de vida.

                 Sou uma pessoa como tantas outras,

                 do mundo.

                 Mas, por uma causalidade do destino,

                 depois de uma altura da vida,

                 vim parar atrás de grades de ferro,

                 cumprindo seis anos, dois meses e alguns dias.


                 Hoje posso entender

                 o valor da liberdade.

                 Casado, pai de família,

                 sei o quanto sinto falta

                 da minha liberdade.

                 A vida às vezes é como um labirinto,

                 e temos que seguir vários caminhos

                 para encontrar um fim,

                 ou quem sabe a felicidade.


                  Tenho uma rotina repetitiva,

                  mas sempre procuro viver

                  um dia após o outro.

                  Trabalhando, estudando,

                  frequentando cultos, 

                  fazendo atividade física

                  e sempre pensando na Amanda.

                  Sempre.

                  Sempre tive sonhos 

                  que tornam as pessoas vencedoras.

                  Sonhar para mim

                  é acreditar,

                  que sonhar é preciso.

                                                           

                                                                                                              M.D.P.M.


Coletânea "Vozes de um tempo VOL. 3- Relatos e vivências de pessoas privadas de          liberdade"- Editora Concórdia.