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domingo, 30 de setembro de 2012

Homem do terno

              




Homem do terno, me diz agora,
como é que eu devo me comportar,
nesse momento, nesse lugar,
e em cada hora e parte que eu vou
Tu não sabes como é que eu sou,
mas nessa roupa queres me fechar,
pois só assim podes me aceitar
Tu vês cara e não coração
Jogas tudo em minha cara,
E achas que eu não estou de cara

Hoje é dia de riso ou choro?
Vejas tu no calendário,
Enquanto vejo no dicionário,
uma palavra para ti
A palavra escolhida não deve apenas ser lida,
mas entoada num refrão
A hora enfim já chegou
Afiem o machado, vocês da minha geração
Há uma nova canção,
Já ecoando pelo ar
Preparem logo o caminho,
e nele vamos andar

Nada de novo embaixo deste sol
Nem mesmo o homem do terno,
que cobre a roupa no inverno
e espera outra estação
Quando o frio vai embora,
ele, elegante, retorna
ditando as regras da moda

Homem do terno, decida,
quem fica com essa vaga
Me mande logo pra casa,
se não sirvo pra você
Na próxima entrevista,
vou copiar de uma revista,
tudo que devo dizer
Nada restou a fazer
Até aqui você venceu
Mas o futuro é problema meu,
é problema seu, é problema nosso
Eu sei que agora eu posso,
Entoar meu canto de guerra.
                                 
                       ***

                                        
                                                                     Cesar S. Farias

                                                         

sábado, 15 de setembro de 2012

Usuário




Um dos nomes mais polêmicos da música brasileira está de volta para uma turnê meteórica. O Planet Hemp toca primeiro no Rio de Janeiro e depois desembarca no dia 29 de setembro, no Pepsi on Stage, para um show exclusivo e sem precedentes. O grupo de rap e rock, formado em 1993, não se apresenta com a sua formação original desde 2010, quando tocou em uma festa a convite da MTV. O show especial programado para Porto Alegre vai mostrar o repertório do disco “Usuário” na íntegra e muitas outras surpresas.
PLANET HEMP
A curta carreira do Planet Hemp esteve envolvida com sucessos e muita polêmica. Com um estilo pioneiro no Brasil, que misturava rap e rock, Marcelo D2 (vocal), BNegão (vocal), Black Alien (vocal e DJ), Rafael Crespo (guitarra), Formigão (baixo), Zé Gonzales (DJ) e Pedrinho (bateria) conquistaram rapidamente o reconhecimento da crítica e do público. O álbum “Usuário”, de 1995, premiou os caras com Disco de Ouro e impulsionou o nome da banda a partir de sucessos como “Legalize Já”, “Mantenha o Respeito” e “Fazendo a Cabeça”.

O grupo se mostrava completamente antenado com as novas tendências do rock norte-americano e buscavam influências da cultura negra como meio de renovação. Os shows eletrizantes e a postura ousada do seu líder Marcelo D2 transformaram a filosofia do Planet Hemp quase que numa religião. A turnê do segundo disco, com o profético título “Os Cães Ladram mas a Caravana Não Para”, levou multidões aos shows e condecorou o Planet Hemp com o Disco de Platina.
Cada vez mais reconhecidos como um grupo à frente do que era feito na época, a tensão entre o discurso da banda e as autoridades culminou com a prisão dos integrantes do Planet Hemp durante um show em Brasília, em 1997, por suposta apologia às drogas. Mas o tiro saiu pela culatra. Com a prisão, políticos, ONG’s e artistas levantaram-se contra a arbitrariedade da polícia. O Planet Hemp, com músicas nas rádios e com discos esgotados em muitas lojas, iria se tornar uma das bandas nacionais mais famosas e respeitadas a partir daquele momento. O show exclusivo em Porto Alegre promete ser memorável justamente por relembrar os anos dourados do grupo que reinventou o rap e o rock no Brasil.

Fonte: poashow.com.br








domingo, 2 de setembro de 2012

O lado macabro da Expointer




Edição 2012
Uma das maiores do Mundo

O Parque de Exposições Assis Brasil, uma área de 134,09 hectares localizada no município de Esteio, ao lado da BR 116, é sede de uma das maiores e mais importantes exposições-feira do Mundo, a Expointer. Foram nove dias, entre 25 de agosto a 2 de setembro, em que o Rio Grande do Sul mostrou ao mundo as suas principais riquezas, fruto do trabalho de sua gente.

A cara e o jeito do Gaúcho

A convivência fraterna e harmoniosa entre o homem do campo e o homem urbano, numa verdadeira simbiose, retratam o ser único que é o gaúcho. De um lado, o produtor, o tratador de animais, o fabricante, o artesão, o artista. De outro, aqueles que vivem na cidade e que, nesta época do ano se reencontram e redescobrem suas raízes. Temos uma cara e um jeito que nos diferenciam.



Diversidade

Cerca de sete mil e novecentos animais representando mais de 183 raças. Cerca de três mil expositores. Vendas superiores a 850 milhões de reais. Mais de 390 eventos entre palestras e seminários. Mais do que grandeza, os números da última edição nos dão a certeza de que a Expointer espelha a diversidade e a pujança da economia gaúcha.




          Tarso Genro, governador do  Rio Grande do Sul, em declaração durante entrevista à radio, na solenidade de abertura do evento, sintetizou o pensamento distorcido dos ruralistas gaúchos em relação aos animais. Nas suas próprias palavras, o ocupante número um do Palácio Piratini (sede do governo estadual), disse que a Expointer é uma oportunidade rara para que as pessoas, desacostumadas ao contato com o campo e a natureza, possam conhecer os alimentos em suas origens. As crianças, segundo ele, saem particularmente beneficiadas dessa interação saudável com os animais, aprendendo, através desse contato, donde provém o saboroso prato servido diariamente às suas mesas.                      
          Poucas vezes escutei tamanha hipocrisia e disparidade disfarçadas de intelectualidade cultural. Qual o sentido educativo de afagar uma indefesa ovelha hoje, em frente às câmeras de emissoras locais, e amanhã financiar ou executar doloroso suplício contra ela? Os animais, lamentavelmente, são vistos pela turma da Expointer, como moeda de troca e principal item do seu suculento cardápio. Desempenham, consequentemente, papel inferior e grande ao mesmo tempo, pois da mesma forma que esses mamíferos de quatro patas são desprezados por não possuírem inteligência tão desenvolvida quanto a nossa, são valorizados no que tange as propriedades nutricionais ou sabor de suas carnes.

          Vejo como uma piada de extremo mau gosto essa história de amor e carinho pelos animais que eventos como esse tentam encenar. Influenciado pelas ponderadas palavras de Tarso, que defende com naturalidade a carnificina que envolve a atividade pecuária, gostaria de propor aos ilustres organizadores da próxima edição, que exibam em telões, ao longo do Parque, todas as etapas da cadeia produtiva. Que seja mostrado, à jovens, crianças e adultos, como são feridos até a morte os nossos pequenos irmãos, escravizados pelo apetite e ambição humanas
          Porque não, Sr.Governador, tornarmos públicas as covardes cenas executadas aos milhares, diariamente, em abatedouros de frigoríficos espalhados por todo o Estado? Vamos ensinar dessa forma, ludicamente, os nossos filhos a valorizarem o churrasco e o bife que degustam.  
          Vivas para a Expointer!


                    Cesar S. Farias