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domingo, 2 de setembro de 2012

O lado macabro da Expointer




Edição 2012
Uma das maiores do Mundo

O Parque de Exposições Assis Brasil, uma área de 134,09 hectares localizada no município de Esteio, ao lado da BR 116, é sede de uma das maiores e mais importantes exposições-feira do Mundo, a Expointer. Foram nove dias, entre 25 de agosto a 2 de setembro, em que o Rio Grande do Sul mostrou ao mundo as suas principais riquezas, fruto do trabalho de sua gente.

A cara e o jeito do Gaúcho

A convivência fraterna e harmoniosa entre o homem do campo e o homem urbano, numa verdadeira simbiose, retratam o ser único que é o gaúcho. De um lado, o produtor, o tratador de animais, o fabricante, o artesão, o artista. De outro, aqueles que vivem na cidade e que, nesta época do ano se reencontram e redescobrem suas raízes. Temos uma cara e um jeito que nos diferenciam.



Diversidade

Cerca de sete mil e novecentos animais representando mais de 183 raças. Cerca de três mil expositores. Vendas superiores a 850 milhões de reais. Mais de 390 eventos entre palestras e seminários. Mais do que grandeza, os números da última edição nos dão a certeza de que a Expointer espelha a diversidade e a pujança da economia gaúcha.




          Tarso Genro, governador do  Rio Grande do Sul, em declaração durante entrevista à radio, na solenidade de abertura do evento, sintetizou o pensamento distorcido dos ruralistas gaúchos em relação aos animais. Nas suas próprias palavras, o ocupante número um do Palácio Piratini (sede do governo estadual), disse que a Expointer é uma oportunidade rara para que as pessoas, desacostumadas ao contato com o campo e a natureza, possam conhecer os alimentos em suas origens. As crianças, segundo ele, saem particularmente beneficiadas dessa interação saudável com os animais, aprendendo, através desse contato, donde provém o saboroso prato servido diariamente às suas mesas.                      
          Poucas vezes escutei tamanha hipocrisia e disparidade disfarçadas de intelectualidade cultural. Qual o sentido educativo de afagar uma indefesa ovelha hoje, em frente às câmeras de emissoras locais, e amanhã financiar ou executar doloroso suplício contra ela? Os animais, lamentavelmente, são vistos pela turma da Expointer, como moeda de troca e principal item do seu suculento cardápio. Desempenham, consequentemente, papel inferior e grande ao mesmo tempo, pois da mesma forma que esses mamíferos de quatro patas são desprezados por não possuírem inteligência tão desenvolvida quanto a nossa, são valorizados no que tange as propriedades nutricionais ou sabor de suas carnes.

          Vejo como uma piada de extremo mau gosto essa história de amor e carinho pelos animais que eventos como esse tentam encenar. Influenciado pelas ponderadas palavras de Tarso, que defende com naturalidade a carnificina que envolve a atividade pecuária, gostaria de propor aos ilustres organizadores da próxima edição, que exibam em telões, ao longo do Parque, todas as etapas da cadeia produtiva. Que seja mostrado, à jovens, crianças e adultos, como são feridos até a morte os nossos pequenos irmãos, escravizados pelo apetite e ambição humanas
          Porque não, Sr.Governador, tornarmos públicas as covardes cenas executadas aos milhares, diariamente, em abatedouros de frigoríficos espalhados por todo o Estado? Vamos ensinar dessa forma, ludicamente, os nossos filhos a valorizarem o churrasco e o bife que degustam.  
          Vivas para a Expointer!


                    Cesar S. Farias






2 comentários:

Dioceli disse...

È trágico a vida desses animais que ficam em exposição ,como se fossem um cardápio para que seres dito civilizados escolham qual fica melhor no prato. Parecem "celebridades" os pobres animais(como diz a midia), mas são escravos do desejo de comer do ser humano.È lamentavel que o governador tenha achado uma maneira" natural" de alinentação matar seres inocentes.

Patricia Kovacs disse...

Caro amigo Cesar,
Não é só esse povo dessa Expointer que pensa no animal como um produto. TODOS que trabalham nessa indústria pensam da mesma forma.
Na minhas férias, quando estive na casa de uma amiga, tirei uma casquinha da tv a cabo dela e num programa (que não lembro de qual canal) passou algo sobre "tabus alimentares". Um desses tabus é a carne de cavalo.
O maior produtor de carne de cavalo do mundo é o Brasil - embora não tenhamos aqui um consumo de massa. Tbm não se criam, aqui, cavalos para o abate, mas são usados aqueles pobres coitados que, depois de trabalharem mto duro uma vida inteira, vão pro abate.
A mulher que é a dona do maior frigorífico do país e que exporta pra fora disse: "QUE O BRASILEIRO TEM MUITO SENTIMENTALISMO COM A COMIDA" !!

Só fico feliz numa coisa, Cesar: que a doença e a morte chegam para todos! E esses psicopatas ganaciosos tbm terão uma morte dolorosa, algum dia - pq terão, tenho certeza.