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domingo, 25 de novembro de 2012

O mês da Consciência Negra.

                      


                         Todos que, como eu, são a favor da igualdade racial e da justiça igualitária, para pobres e ricos, estão exultantes com a recente nomeação de Joaquim Barbosa como Ministro Chefe do Supremo Tribunal Federal. Como o próprio nome já diz, o Supremo Tibunal é a mais alta ramificação de justiça em nosso país, por  isso as perspectivas desse momento histórico são boas. Que a verdade verdadeira venha á tona. Que os crimes do colarinho branco e outras maracutaias do poder sejam devidamente trazidos á tona.
          Em particular, saúdo meus irmãos e irmãs negras pela passagem desse mês tão especial para nós, descendentes dessa rica cultura que merece o seu devido respeito. Obrigado ao Senhor Deus por esse presente de natal antecipado, que é a ascensão de Joaquim Barbosa ao topo da mais alta corte brasileira.
          Um Axé! Para negros, brancos, índios e mestiços leitores. Fiquem com um pouco da biografia do homem.

       
                                     

 Cesar S. Farias





Joaquim Barbosa toma posse como primeiro presidente negro do STF

                                

           O ministro Joaquim Barbosa, relator do julgamento do mensalão, se tornou nesta quinta-feira o primeiro negro a assumir a presidência da principal corte de Justiça de um país onde 50,7% da população se declara descendente de africanos.
          Barbosa, um magistrado de origem humilde e infância difícil, assumiu  um mandato de dois anos como presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e simultaneamente do Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável da gestão, regulação e fiscalização de todo o Poder Judiciário no Brasil.
          O ministro, que alcançou notoriedade nos últimos meses por sua função no processo que condenou por corrupção importantes aliados do ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, assumiu a presidência do STF em cerimônia cheia de simbolismo para um país no qual os pobres são majoritariamente negros.
         "Em uma sociedade como a nossa, com uma grande presença de negros, é algo que fala muito bem do país, de nossa democracia, que, pela primeira vez, um negro chegue à presidência do Supremo", afirmou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
          O procurador disse estar "seguro que o magistrado Joaquim Barbosa dará uma magnífica contribuição à construção de nosso sistema de Justiça" e acrescentou que é um momento para celebrar.
           Barbosa, de 58 anos e magistrado da corte desde 2003, não é o primeiro negro a chegar ao Supremo, já que pelo tribunal passaram antes dois afrodescendentes, Pedro Lessa entre 1907 e 1921 e Hermenegildo de Barros entre 1919 e 1937, mas é o primeiro a assumir a presidência do Poder Judiciário.
          O próprio Barbosa, de 58 anos, destacou o momento histórico ao convidar destacadas personalidades negras do país para o ato de hoje, do qual também participaram a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Senado, José Sarney, vários ministros,  líderes políticos e parlamentares.
          Entre os convidados especiais do magistrado, além de seus familiares, estavam o cantor Martinho da Vila e os atores Lázaro Ramos e Milton Gonçalves.
          O novo presidente do Supremo, um poliglota que fala inglês, espanhol, alemão e francês, é filho de um pedreiro e uma dona de casa que subiu na vida pública graças a sua capacidade intelectual.
         Em seu primeiro pronunciamento como novo presidente do STF, Barbosa assegurou que uma revisão da história brasileira nas últimas seis décadas mostra a "bem-sucedida trajetória de um povo que soube sair da posição de quase pária no contexto internacional e passou a ser uma das nações mais destacadas no mundo".
          O magistrado antecipou que, durante seu mandato, lutará principalmente para garantir uma "razoável" duração dos processos, a independência dos julgamentos dos poderes políticos e a igualdade para todos, principalmente as minorias.
          Barbosa acrescentou que lutará por uma maior inserção do Poder Judiciário na vida institucional brasileira em um momento em que nos "tribunais já são discutidas os cada vez mais centrais assuntos de interesse da vida do cidadão comum".
          Nos discursos pronunciados no ato foram destacados exatamente os apontamentos de Barbosa em sentenças nas quais o Supremo assentou precedentes sobre assuntos como a descriminalização do aborto, as políticas afirmativas e o combate à discriminação dos homossexuais.
          O magistrado alcançou uma popularidade inédita para um juiz no Brasil, ao ponto que as máscaras com seu rosto estão entre as mais encomendadas para o Carnaval do próximo ano.
          A contundência de seu relatório como relator do mensalão foi determinante para a condenação da maioria dos 37 acusados de casos de corrupção durante o primeiro mandato de Lula, entre eles o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, durante décadas um fiel escudeiro do então presidente.


                                                

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Série Encantados- Resenha

         





         Comentar a Série Encantados, projeto concebido, batalhado e concretizado pela Patrícia, autora de ímpar capacidade criativa, ativa-me sentimentos antagônicos que remetem-me aos primórdios da elaboração dessa obra. Se, por um lado, me sinto um tanto envergonhado pela preguiça que impediu-me de resenhar antes esse episódio piloto da série, virando a moeda, fico honrado em ter sido um dia convidado pela autora a participar dessa ousada e ambiciosa empreitada. Considero de uma admirável coragem, alguém conduzir narrativas distintas entre si, em formato de novelas, ao longo de um extenso número de capítulos. Somente uma escritora centrada em suas metas artísticas consegue apresentar aos leitores uma opção de entretenimento literário como essa. Na época do convite, um dos fatores que mais inclinou-me a olhar com bons olhos o projeto, foi a abrasileirada proposta de se fazer literatura fantástica com elementos do nosso folclore e sobrenatural. Por que, de fato, precisamos ficar reverenciando as lendas e costumes do outro lado do Oceano Atlântico, se bem aqui, em nossa cultura, possuímos uma gama de personagens e entidades místicas que aguçam a curiosidade, temor e devoção de todos nós?
            Em “Encantados”, o amplo sincronismo entre elementos da Umbanda e fábulas dos quatro continentes, repletas de samurais, guardiões e demônios inclementes, é marcante e permeia todos os episódios de estréia da série. Patrícia faz uma justa homenagem à religiosidade que compões o vasto panteão de deuses e semideuses presentes na tradição popular desde tempos ancestrais, em grande parte inspirada na mitologia africana.
            Foi ela novamente, a preguiça, quem impediu-me de naquela época conceber uma história que se encaixasse no contexto sugerido por Pat. Dedutivamente, isso me faz crer que um contista como eu é, na verdade, um escritor preguiçoso que se nega a trabalhar em extensos e intermináveis textos. Quando me deparo frente a criações de tal envergadura, verdadeiras sagas, não me resta outra reação a não ser maravilhar-me e aplaudir, em atitude de reconhecimento a quem de fato trabalha e extravasa em linhas o seu universo criativo.
             A autora constrói as tramas com tal mistério e adrenalina, que o leitor sente de fato curiosidade de acompanhar a seqüência inteira, seduzido pela dinâmica das histórias. A luta entre a luz e as trevas pontua majestosamente todas as novelas que compõe a obra, numa ode à coragem, a determinação, a disciplina e a força. Força que move os braços de  todos os guerreiros que defendem com ímpeto as causas que acreditam. Peculiarmente, chamou-se a atenção tamanha desenvoltura com que ela extrai da luta bem X mal, enigmas nos quais os personagens, somente a longo prazo, revelam o time em que jogam. Isso acontece, marcantemente, em “Raptores”, onde homens e feras misturam-se e repelem-se demonstrando apenas parcialmente as suas verdadeiras intenções. Mesmo não explicitamente, a mensagem otimista e revigorante é uma característica perceptível aos olhares mais atentos, entre os quais, sem falsa modéstia, coloco-me eu. Histórias de superações, mesmo as mais fantásticas e fictícias, têm o dom de inspirarem confiança, e isso acontece em Encantados diversas vezes. Tive gana de transformar-me em samurai, saindo em busca do instrutor que lapidaria o meu diamante bruto. Tive, primordialmente, esperança na vitória da luz, apesar de todas as mazelas que atualmente afligem a sociedade.
            Faço também, uma justa alusão ao bônus track do escritor porto-alegrense Alex D’Guyan, que abrilhantou o livro com “Sol Negro & Lua Branca, novela que se harmoniza graciosamente ao estilo de Patrícia, esbanjando familiaridade com elementos da cultura cigana.
            Sinto, de fato, curiosidade em saber o que reserva o destino para esses tantos personagens, e isso atesta o êxito da obra, criada para entreter á longo prazo os amantes da boa escrita e ávidos por aventuras. Um grande escritor ou escritora, segundo penso, não se constrói ou consolida com uma só obra, mas sim através do histórico e dedicação apresentados ao longo da carreira. Sem bajulações formais e desnecessárias, estamos diante de uma séria candidata ao posto.

     
                                                  
                                                      Pitadas de Encantamento

AMALDIÇOADOS-  Após sangrenta batalha contra um vampiro que, momentos antes tomara a vida de uma criança, a caçadora de demônios Mohini, apesar do triunfo na luta, oferece-nos angustiantes momentos de dor física e moral diante do inanimado corpo da inocente. Não conseguia evitar o sentimento de impotência que a assolava. Era como se tudo que tivesse feito em sua vida não fizesse sentido. Não quando havia tanta crueldade no mundo.  No limite das suas forças, é acudida por um misterioso benfeitor, que a conduzirá para uma viagem restauradora.

FILHOS DO DIABO- Uma agradável e convidativa noite quente de verão torna-se um tormento para Maria Padilha, que resolve puxar assunto com um desconhecido na praça. Vampiros astrais acabam quebrando a aparente monotonia sob o luar.

ORISHÁS- Num período crítico, de degradação moral da humanidade, monstros são atraídos magneticamente para a atmosfera do planeta, praticando abomináveis crimes insuflados por bárbaros instintos. O clima de total insegurança compadece os orishás, que em conselho decidem buscar a única guerreira capaz de pôr termo aquele lento suplício. Foluke, a mestiça nipo-brasileira, de belos e bastos cabelos negros encaracolados e pele trigueira, filha de um respeitado babalorixá, têm em mãos a inadiável missão.

RAPTORES- Nessa novela, Patrícia tremula forte o seu estandarte verde e, não por acaso, faz desse o meu momento predileto da obra. A Dra. Luzmarina Lopes, bióloga ligada á um grupo de cientistas ambientalistas unidos para preservar florestas nativas em todo o mundo, coleta amostras do solo em plena floresta da Península Ibérica. Rodeada por homens, bestas e guardiões da floresta, vê-se em perigo por confrontar poderosos interesses econômicos dos predadores naturais do planeta.  


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