Páginas

sábado, 13 de abril de 2013

Nome ao boi



O odor de sangue apodrecido misturado com dejetos provoca náuseas. A cena é medieval. A foto que ilustra esta reportagem capta o final de mais um dia de trabalho no Matadouro do Rogério, em Vazante, cidade mineira que fica a apenas 350 quilômetros de Brasília. O funcionário manipula o que sobrou do gado abatido na madrugada. Nada é desperdiçado. A membrana que envolve as vísceras será usada para fabricar sabão. As cabeças dos animais serão moídas e transformadas em ração. Os dejetos vão alimentar os cachorros e as galinhas que convivem no mesmo espaço -- um galpão pestilento. No momento da fotografia, a carne já havia seguido para as prateleiras dos supermercados e açougues da região. É repugnante imaginar que um terço da produção bovina consumida pelos brasileiros é oriunda de lugares assim. É mais repugnante ainda saber que isso acontece em tão larga escala por incompetência, inoperância e negligência dos órgãos de fiscalização. O Matadouro do Rogério seria apenas mais um entre milhares de estabelecimentos iguais que funcionam país afora se não fosse um detalhe: ele tem entre seus clientes ninguém menos que o novo ministro da Agricultura.
A Polícia Ambiental de Minas Gerais acabou interditando o local no último dia 26/03, atendendo a um pedido do Ministério Público daquele estado. O dono do espaço, Rogério Martins da Fonseca, admitiu que os animais eram abatidos com a utilização de uma marreta. Ele também não apresentou a documentação necessária para o funcionamento do abatedouro, que permanecerá fechado até que a situação seja regularizada.
Em 2006, Rogério chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) em que se comprometeu a regularizar a situação do estabelecimento. Mas não cumpriu o acordo negociado com o promotor José Geraldo Rocha.
O dono do abatedouro é amigo do ministro há mais de duas décadas, e confirmou a VEJA que Andrade é seu parceiro. “O último gado que comprei do ministro foi em dezembro. Foram 22 reses”, disse o empresário. Em nota, Antônio Andrade negou que seja parceiro comercial do abatedouro clandestino; disse que negocia seus animais apenas com grandes frigoríficos.

Fonte: veja.com.br


O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Eustáquio Andrade Ferreira, nasceu em 18 de junho de 1953, na cidade de Patos de Minas (MG). É engenheiro civil graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e produtor rural. Desde o início da sua vida pública, em 1987, é filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do qual é presidente estadual. Foi prefeito de Vazante (MG) e deputado estadual por três mandatos.
Está no segundo mandato como deputado federal, período no qual criou e presidiu a Frente Parlamentar da Cadeia Produtiva do Leite e que ocupou a presidência da Comissão de Finanças e Tributação, cargo do qual se licenciou para comandar o Mapa. Também na Câmara dos Deputados foi titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural.
Suas atividades políticas incluem também o posto de presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Vazante (MG).

Fonte: www.agricultura.gov.br




Nenhum comentário: