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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Soneto da noite fria


        Noite fria adentro, varando pelo teclado
Procuro a palavra certa, quero escrever um poema;
O que sinto é um eterno dilema
Meus dedos se arrastam no punho cerrado

Grande é o compromisso no que dizer
Porque sempre opõem-se o certo e o errado?!!!
E na alcunha eterna deste grande Advogado
Os preceitos humanos revelam todo o seu poder

Sob o próprio ser, nem os poetas dominam
Pois quem escreveria agora este soneto
Os que pranteiam, dormem, ou os que dominam?

Ao certo, somos todos como um grande e lindo dia,
que surge ensolarado, vívido, largo cenário paradisíaco
E se opõe, dia após dia, numa inevitável... noite fria.


                                             Paulo Rogério C Vargas
            
    

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

O samba de breque




Há um monte de variações que podemos incluir na árvore principal do samba. Uma destas é o samba de breque, que foi imortalizado pelo cantor e compositor Moreira da Silva, o Morangueira. Ele virou a marca registrada daquele tipo de samba que dá umas paradinhas no andamento normal e introduz umas frases no vazio, nos intervalos dos versos...

"Na Subida do Morro" é um samba de breque autêntico, de autoria de Geraldo Pereira, Ribeiro Cunha e do próprio Moreira da Silva.

Para gente falar das origens, de como surgiu este tipo de samba, é preciso pesquisar muito e, ainda assim, citar algumas possíveis "verdades", sem ser categórico. O crítico musical Tárik de Souza, por exemplo, diz que o samba de breque é uma variante do picote rítmico do samba-choro. O que dá pra dizer é que a gente já encontra estas "paradas" no meio do samba até mesmo em Sinhô, na gravação de "Cansei", por Mário Reis, em 1929.



De fato era uma parada, mas ainda não dá pra dizer que fosse aquela que seria imortalizada na voz de Moreira da Silva,  pelo menos 10 anos depois. Luiz Barbosa talvez tenha sido o verdadeiro precursor como intérprete do samba "Risoleta", de Wilson  Baptista e Haroldo Lobo. Esta gravação, de 1937 sim,  na minha opinião, inicia o estilo "samba de breque". 

Mas se o leitor me pergunta:  "que parada é essa mermão?" eu já respondo: o Samba de Breque é caracterizado por um intervalo  no acompanhamento,  acentuadamente sincopado, quando o intérprete diz alguma coisa em complemento à frase musical anterior.  Estas paradas  são chamadas breques, do inglês "break", que significa freio de carro. Os "breques" são versos  apenas falados que conferem um ar de malandragem ao samba.






Moreira da Silva foi o grande representante do samba de breque. Entrou em algumas parcerias com Geraldo Pereira, com Wilson Baptista, mas ele mesmo confessou,  em vida, que deixou uma grana das boas pra ambos em alguns sambas, sem ter composto uma linha de criação sua sequer. Comprou a parceria. Não tiro o mérito dele nem um pouco ...foi um grande artista e deu luz a este tipo de samba. Enfim, o cara perfeito pra levar o recado, já que ele era realmente frequentador das rodas de malandragem do Rio dos anos 30. 
Foi com  o samba "O Rei do Gatilho", de Miguel Gustavo, que Moreira da Silva tornou-se Kid Morangueira.



Fonte:sambabook.blogspot