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segunda-feira, 19 de junho de 2017

A Noite de Shiva


Mahashivaratri ou a "A Noite de Shiva", é celebrado com devoção e fervor religioso, em honra do Deus Shiva, um dos deuses da trindade hindu. Esse auspicioso festival acontece na 13ª. ou na 14ª. noite de lua nova durante Krishna Paksha (quinzena escura, sem luar) do mês hindu  Phalgun, correspondendo ao mês de fevereiro ou março do nosso calendário. Shivaratri Festival é celebrado numa noite sem luar (escura). Os devotos ao comemorar o Mahashivaratri, passam toda a noite e todo o dia realizando rituais de culto ao Shivaliga para aquietar o Deus Shiva.
Lendas do Mahashivaratri
Existem várias lendas interessantes relacionadas ao Mahashivaratri. Segundo uma das mais populares, o Shivaratri marca o dia do casamento do Deus Shiva e com Parvati e, nessa noite auspiciosa, Shiva realizava o “Tandava”, a dança da  criação, da preservação e da destruição. Outra lenda popular, descrita no Linga Purana, afirma que no  Shivaratri o Deus Shiva manifesta-se na forma de Linga. Por isso, esse dia é considerado um dia extremamente auspicioso e, os devotos de Shiva gostam de festejá-lo no Mahashivaratri - a grande noite de Shiva.
Tradições  do Shivaratri
Várias tradições e costumes relacionados com o Mahashivaratri são seguidos pelos devotos do Senhor Shiva. Os devotos nesse dia, fazem uma dieta de frutas e leite e alguns não consomem sequer uma gota de água, estão firmemente convencidos de que um culto sincero ao Deus Shiva no auspicioso dia de Shivaratri, isenta a pessoa dos pecados e liberta-a do ciclo de nascimento e morte. O Shivaratri é considerado particularmente auspicioso para as mulheres: enquanto as mulheres casadas rezam para o bem-estar de seus maridos, as mulheres solteiras rezam por um marido como o Deus Shiva, considerado como o marido ideal. As mulheres oram a deusa Parvati, também chamada de “Gauri”, a doadora de suhag, vida longa para os maridos. 
Para o Festival do Mahashivratri, os devotos despertam cedo e tomam banho, de preferência no rio Ganges, oferecem orações ao Deus Sol, Vishnu e Shiva como parte do ritual de purificação. Vestindo roupas limpas, vão visitar o templo de Shiva e lá, banham o Shivalinga com leite, mel,  água, etc. No Shivaratri, a adoração ao Deus Shiva acontece durante a noite toda e todo o dia. Os devotos passam a noite em claro, em vigília nos templos, cantando mantras e canções devocionais em louvor do Deus Shiva e só se alimentam na manhã seguinte, quando recebem a “prasad” que é oferecida à divindade.

Fonte: meetaravindra.com

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O Leite e a Cultura Védica


A questão do leite é um assunto bem delicado. A dieta vegan, entre outras, rejeita terminantemente. Leite para eles só de soja. Já para os devotos, o leite da vaca é muito apreciado. Para começar, Krishna é o vaqueirinho transcendental. Na primeira infância, Krishna era chamado de makhan-cora, o ladrãozinho de manteiga; o leite é chamado nas escrituras de “religião líquida”; o ghi é o elemento indispensável para o ritual de sacrifício de fogo, agni-hotra; a vaquinha kamadhenu pode suprir quantidades ilimitadas de leite; o elixir da imortalidade, soma-rasa, surgiu da agitação do oceano de leite. São muitas histórias da cultura védica relacionadas com o leite. Além disso, é dito que um copo de leite quente ao dormir produz um efeito que nenhum outro alimento produz: alimenta as células da área cerebral que lida com assuntos espirituais.
Na cultura védica, a vaca e o boi são os animais mais próximos à sociedade humana. A convivência entre esses animais e o homem é completamente natural e harmoniosa. Contudo, em nossa sociedade moderna, eles perderam essa posição para a classe canina, que funciona como expansão do ego da pessoa.
Mamãe Vaca
O leite é uma dádiva especial de uma de nossas mães, a vaca. Esse é o status da vaca na cultura védica. Assim como a mãe biológica amamenta o bebê com leite materno, a vaca também fornece seu leite para a sociedade humana. É dito por alguns opositores do consumo de leite que tirar o leite da vaca seria um ato desumano, que o leite pertence ao bezerro e não se deixa praticamente nada para ele. Isso certamente pode ser que ocorra entre pessoas muito gananciosas e materialistas e deve ser repudiado. Uma vez li que em fazendas produtoras de leite nos Estados Unidos, vacas que não produzissem mais do que trinta litros diários eram mandadas ao matadouro, pois ficavam inviáveis economicamente, devido ao alto custo das rações, hormônios e remédios que eram investidos nelas. Sei também que vacas leiteiras da melhor qualidade são usadas como reprodutoras. Assim que o feto começa a se desenvolver em seu ventre, ele é retirado por meio de uma cesariana e introduzido no ventre de outras vacas de menos raça que a mãe original. Com isso o tempo da gravidez da vaca reprodutora diminui sensivelmente e ela, ao invés de parir uma cria por ano, produzirá dez. Pode ser que esse procedimento aumente os lucros do produtor, mas é o supra-sumo da ganância, maldade e insensibilidade.
O que realmente acontece é que a vaca produz muito mais leite do que o bezerro pode consumir. Se deixamos o bezerro beber todo o leite diário que sua mãe produz, ele vai sofrer de diarréia. Por outro lado, se não extraímos todo o leite do úbere da vaca, ela sofrerá e terá problemas nas tetas. Dessa forma, o consumo de leite pela sociedade humana é algo completamente natural. No lado masculino, o boi deve ser empregado para atividades que exigem força, como tração e aração. Hoje em dia, com a mecanização das atividades rurais, o boi perdeu sua função para o trator. Só resta mesmo mandá-lo para o matadouro.
Durante a maternidade, a vaca produz e libera o leite devido ao amor maternal. É indiscutivelmente um ato de amor. Quem lida com esses animais no curral sabe que cada vaca tem uma personalidade e um temperamento particular. Esses animais, apesar de enormes, são muito sensíveis e relacionam-se perfeitamente com os seres humanos. Já tenho presenciado coisas impressionantes: vi, por exemplo, numa fazenda do movimento, uma vaca que por oito anos fornecia leite sem ter crias. Ele vivia tão feliz que seu leite nunca parava de ser produzido e assim ela podia satisfazer a muita gente.
Terapia da Vaca
Um argumento bem conclusivo que diferencia a classe bovina dos outros animais é o fato de que o seu excremento ao invés de ser nojento e repugnante como todos os animais, humanos incluídos, pode ser manuseado e é dito que tem, inclusive, propriedades anticépticas. Nas zonas rurais na Índia, é comum espalhar o esterco do gado pelo chão e paredes. Outra prática comum é amassar o esterco e formar umas “bolachas” achatadas, que são secadas ao sol e usadas como material combustível para a cozinha. Diz-se que produz a melhor chama para se cozinhar.
Na Índia conhece-se bem as propriedades terapêuticas dos derivados lácteos. Tanto o leite e derivados, como o iogurte, quanto o esterco e a urina da vaca tem poderosos efeitos terapêuticos. O ghi, então, pode fazer milagres. Qualquer raça bovina produz o ghi, que é usado na culinária e na medicina. Mas, existe uma raça específica que produz o ghi mais poderoso. São as vacas branquinhas de Vrindavana, um tipo de raça nerole. Essas vacas dão pouco leite e ainda por cima ralo. Mas o ghi produzido desse leite tem um valor terapêutico tremendo. O ghi quanto mais velho mais ativo. Pode ficar enterrado por dez anos ou mais e assim seu poder terapêutico será mais ativo.
Um dos argumentos contra o leite é que ele produz mucos. Por isso, não se deve tomar frio e, mesmo quente, deve ser tomado em pequenas quantidades. Para neutralizarmos a tendência de produzir mucos, deve-se acrescentar o tumeric ou cúrcuma em pó, que tem coloração amarela. Aqui no Brasil é chamado de açafrão.
O uso do leite deve ser bem moderado. É um alimento forte e, em excesso, trará distúrbios ao organismo. O queijo consumido em excesso faz os mesmos estragos ao organismo que a carne. Tenho presenciado lacto-vegetarianos promovendo verdadeiras orgias de queijos. Pode ser que seja um festival para a língua, mas força muito o aparelho digestivo e produz ama, resíduos não digeridos que apodrecem dentro do organismo.

Leite Industrializado
Uma coisa que concordamos cem por cento com o pessoal vegan é que o leite industrializado é de péssima qualidade. Primeiro porque, como todo alimento industrializado, possui conservantes químicos que definitivamente devem ser evitados o mais possível. Segundo porque as vacas, para que suas produções sejam aumentadas, são tratadas com produtos químicos (hormônios, remédios anti-bernes e carrapatos, e outros produtos da industria veterinária) e com rações que contém produtos muito duvidosos para a saúde dos animais. O maior escândalo que o mundo assistiu recentemente foi epidemia das “vacas loucas”, causada pelo uso de rações que eram recheadas com sangue e ossos dos animais já abatidos. A Natureza naturalmente rebelou-se contra esses abusos. Um vaqueiro de uma fazenda próxima à nossa, em Paraty, falou da seguinte maneira a um devoto que comentou que o animais estavam muito bonitos: “Tenho pena de que vai comer a carne desses animais, pois três vezes por semana injetamos neles uma quantidade de veneno para bernes e carrapatos porque assim o couro fica lisinho e vale mais.”
Além desse aspecto mais físico, existe as implicações mais sutis. O leite industrializado é um sub-produto da matança de animais. Isso porque o valor que as cooperativas de leite pagam ao produtor é muito baixo, de modo que o preço final ao consumidor seja compatível ao bolso das classes menos favorecidas. Ninguém sobrevive comercialmente somente com o leite. O lucro, então, vem de onde? Dos bezerros machos que são mandados para a engorda e, posteriormente, para o matadouro. Isso implica em que o leite industrializado carrega esse karma embutido nele.

Fonte: Purushatraya Swami em pt.krishna.com